segunda-feira, 2 de junho de 2008

BLOGUEIRO DE PAPEL

Encontrei esse texto de Cristovão Tezza na GAZETA DO POVO:
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Antigamente a desgraça das crianças na escola eram os gibis. Coisa pesada, só péssimos exemplos: o Tio Patinhas, aquela figura mesquinha, de um egoísmo atroz, interesseiro e aproveitador, explorador de parentes; o histérico Pato Donald, um eterno fracassado a infernizar os sobrinhos; Mickey, um sujeitinho chato, namorado da também chatíssima Minnie; Pateta, um bobalhão sem graça. O estranho é que não havia propriamente “família” – só tios e tias misteriosos, todos sem pai nem mãe. Walt Disney, esse complexo mundo freudiano, sob um certo ângulo, ou esse paladino do imperialismo capitalista, sob outro, foi a minha iniciação nas letras.
O tempo passou, os marginais de Disney substituíram-se pelos integrados Cebolinha e seus amigos, todos vivendo pacificamente vidas normais, engraçadas e tranqüilas em casas com quintal – e o vilão da escola passou a ser a televisão. Foram duas décadas, a partir dos anos 70, agora sim, ágrafas. Com a conivência disfarçada de pais e mães (um alívio!) as crianças passavam horas diante da telinha. Estudar que é bom, nada – é o que diziam. Acompanhei essa viagem desde a TV Paraná, canal 6, com transmissões ao vivo (não havia video-tape) no estúdio da José Loureiro. Eu colecionava a revista “TV Programas”, assistia ao seriado Bat Masterson e aguardava ansioso a chegada de Chico Anysio, todas as quartas. Depois vieram a TV em cores, as redes nacionais, o barateamente do mundo eletrônico e a famigerada telinha passou a ser o próprio agente civilizador do país – boa parte do Brasil via uma torneira pela primeira vez no cenário de uma novela das oito.
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